quarta-feira, março 4

Cada um tem seu segredo, tem seu cada qual,

Sim, um título meio libertinoso, mas é totalmente verdadeiro, e vocês vão entender porquê!
como prometido vim aqui deixar minha marcaa, aliás a marca de Elisa Lucinda né, uma das mais belas autoras de poemas brasileiros, e que quase ninguém conhece,
esse texto, realmente é hilário, mas tem seu ponto, e seu objetivo..


Alfredo, é Giselle!

Sora vê, daqui do táxi a gente sabe é cada coisa... Sabe e aprende, aprende até a não ter preconceito. Eu vou dizer cada um tem o seu segredo, tem seu cada qual. Nem que seja uma coisica de nada, no fundo todo mundo sabe que lá dentro tem uma verdade só dele que as vezes nem ele mesmo sabe.
Outro dia peguei um casal assim já de meia idade, bem apeiçoado, lá no Centro, eles tinham ido vê uma tal de uma Ópera, sei lá. Já eram umas 11 e meia da noite, a gente veio bem até o Aterro, entramos em Botafogo e o trânsito emperrou. A mulher já azedou na hora e foi falando para o marido: - Que trânsito é esse, quase meia noite? Não é esquisito, Alfredo?

E o tal do Alfredo parecia um homem rico, mas não era fino, sabe? E também não gostava dela não. O cara era uma múmia. A resposta dele pras conversas da mulher tava mais pra rosnado, sabe?

- Alfredo, isso não é um absurdo? A gente aqui parado num trânsito quase de madrugada, não entendo, é estranho, hoje é sábado. Será que é algum acidente, Alfredo?

Como o homem não dizia nada, eu acabei dando o meu pitaco: - Madame simplesmente aqui, da licença, virou um lugar só de "homensexuais"e mulher gay. É cheio de barzinho deles, a rua toda. Fim de semana ferve. Quem quiser ver homem beijando homem e mulher beijando mulher, se beijando todo mundo junto é aqui mesmo.

- Você ta ouvindo, Alfredo? Meu Deus, eles agora tem até bar pra eles, até rua. Não é um absurdo, Alfredo?

- Ô Onça, ce me conhece, sabe bem como é que eu sou. Pra mim isso se resolve é na porrada. Se eu sou o pai, eu desço do carro e não quero nem saber o que é que entortou, o que é que virou, não quero saber o que é cu e o que é fechadura, baixo o sarrafo na cambada! Eu, com sem-vergonhice, o sangue sobe, eu viro bicho.

Que isto Alfredo pára de falar essas palavras de baixo calão, olha o que o médico falou né motorista?

Eu dei o meu pitaco: - Oh madame, o negócio que ele ta falando é que nem que eu vi lá no filme é uma metáfora. Ele não vai bater, vai só ficar zangado.

- E o senhor sabe lá o que é metáfora? Fica aqui metendo o bedelho na nossa conversa aqui atrás.

- Eu sei o que é metáfora sim! Pelo que eu entendi é assim: aquilo não é aquilo, mas é como se fosse aquilo. Então, em vez da gente dizer que aquilo é como se fosse aquilo, a gente diz que aquilo é aquilo. Mas não é. É como se fosse. Entendeu?
- Eu entendi, mas eu to chocada com essa libertinagem. Olha aquele homem... Alfredo, beijando outro homem, de bigode ainda, Alfredo! Olha Alfredo!
- E hoje ta até fraco. Eu falei. Hoje nem tem os “generais"?
- Que generais?
- General é aquelas mulheres de coturno que parece meio assim um macho. E o outro tipo de general é aquele homem transformista que é a traveca, mas anda é na gillete mesmo.
- Ta ouvindo, Alfredo? Que decadência Alfredo.
- E a gente vai ter que ficar parado nesta merda, ô Coisa?
- Calma Alfredo, não fica nervoso! Isso é questão do nível das pessoas. A gente que tem... Não é motorista? ... A gente tem um nível, a gente tem mais condições, temos que entender essa, essa, como é que eu digo, meu Deus?
- Putaria!
Falamos juntos, eu, ela e o tal do seu Alfredo.
- Cruzes Alfredo, olha aquela moça! Gente, uma menina, dezoito no máximo, e a outra maiorzuda no meio das pernas da coitadinha, fazendo sabe lá o quê! Tá vendo Alfredo aquela alí? Alí, aquela Alfredo, em cima do carro! Olha lá Alfredo, a mão da grandona na menina! Elas vão se beijar na boca, minha Nossa Senhora...
- Que transitozinho, hein jararaca? A gente não vem aqui em Botafogo nunca mais, tá ouvindo ô coisa!
- Mas Alfredo olha as duas meninas! Tá beijando, tá beijando, tá beijando Alfredo! Alfredo! Alfredo! Alfredo! Ela parece... Alfredo é Gisele! Alfredo! Nossa filha!?
- Filha da puuuutaaa...
E desmaiou, o tal doutor me desmaiou, enquanto a jararaca da mulé saiu porta afora de sapato na mão atrás das duas e eu pensando: não quero nem saber, vou encostar o carro aqui mesmo e espero o resolver, que uma
corrida dessa eu não vou perder, que eu não sou bobo e nem sou rico. É
ruim de eu ir embora, heim?
Ai eu fiquei naquela situação: eu com um cara que era um ex-valente todo desmaiado no banco de trás parecendo uma moça, a mulé pisando forte que nem um um macho, um general, indo atrás da filha, quer dizer, tudo trocado e eles reclamando da filha. Se eu pudesse, eu ia lá defender a moça, mas não posso, já que o negócio é de família, né?

Eu não tenho preconceito não, mas é isso que eu tava falando pra senhora: daqui a gente sabe cada coisa! Mas é cada um com o seu cada qual.

-Elisa Lucinda.


vou ficando por aqui, tenho que dormir pois amanhã saio as 7 horas, e chego as 16:30 :~
boa noite, e beijos a todos!

Bruna.

terça-feira, março 3

voltando, :D

exatamente,
voltando com o blog, to com um pouco mais de tempo esses dias,
uma coisa que tenho feito muito no meu tempo livre é ler,
mas não livros, e sim poesias, poemas, textos, pensamentos de autores que quase ninguém ouviu-se falar,
tava a ler um texto esses dias, aliás um texto, e um poema, que gostei muuito e resolvi coloca-los aqui por esses dias, hoje colocarei o texto, e nos próximos dias postarei a poesia, (:

"Só de sacanagem"


Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova? Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro.

Do meu dinheiro, do nosso dinheiro, Que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós. Para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais. Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais? É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz. Mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.

Meu coração tá no escuro. A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó E dos justos que os precederam: “Não roubarás”. “Devolva o lápis do coleguinha”. “Esse apontador não é seu, minha filha”.

Pois bem, se mexeram comigo, Com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, Então agora eu vou sacanear: Mais honesta ainda vou ficar!

Só de sacanagem! Dirão: “Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba” E eu vou dizer: “Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez”. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês.

Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau. Dirão: “É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”. E eu direi: “Não admito, minha esperança é imortal”. E eu repito: “Ouviram? IMORTAL!”

Sei que não dá para mudar o começo Mas, se a gente quiser, Vai dar para mudar o final!

Elisa Lucinda.

eu adooooro ler esse texto, aliás estava vendo o dvd da ana carolina, quando vi ela lendo esse, na voz dela é linda, porque afinal, o texto já é um pensamento da autora, e a voz dela é mais que linda, e potente!
eu vou ficando por aqui, e espero postar todos os dias, como quero,
beeijos a todos, uma boa semana!